quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A revolução wikileaks marcará a informação em 2011

A revolução wikileaks marcará a informação em 2011
27 de Dezembro, 2010


Se a experiência do último mês é um sinal do que acontecerá a curto prazo, 2011 pode bem ficar definido como o ano das «filtrações», das «leaks» e do seu impacto na forma como se faz jornalismo e como se distribui e gera informação.

Desde 29 de Novembro que as notícias em todo o mundo são, quase diariamente, dominadas, por revelações mais ou menos secretas, avaliações mais ou menos confidenciais, retratos mais ou menos embaraçosos, de governantes, governos e diplomatas.

As revelações do Wikileaks provocaram tensão diplomática em todo o planeta, suscitaram amplos debates ainda sem fim sobre a legalidade ou não das filtrações e levaram muitos, dentro e fora do jornalismo, a questionar o impacto futuro.

Às polémicas somaram-se os debates sobre liberdade de expressão, guerras cibernéticas, a personalidade de Julian Assange - fundador do Wikileaks - e os copycats : novos fóruns, online, onde se dá espaço a filtrações idênticas.

Vai nascer a Openleaks, já existe a Indonleaks e a Brusselsleaks e fala-se de novos sítios. O próprio Wikileaks promete para o início de 2011 revelação de dados do setor privado, até agora poupado a estas filtrações em massa.

Depois da experiência do 'eu jornalista', em que os consumidores passaram a ser também as fontes de informação - com vídeo, fotos e texto - agora é a era da iltração, em que o setor público e privado se vê mais exposto que nunca.

Para Javier Bauluz, prémio Pulitzer e responsável do diário digital Periodismo Humano, as filtrações marcam o novo «ecossistema da informação» em que o Wikileaks «é a bomba que muda tudo».

Bauluz participou num debate recente promovido em Madrid pelo El Pais, um dos cinco jornais mundiais que o Wikileaks forneceu com os 250 mil telegramas diplomáticos produzidos pela diplomacia dos Estados Unidos em todo o mundo.

Javier Moreno, diretor do El Pais, também sublinhou nesse debate o impacto das filtrações, que considera como potencialmente a notícia de maior envergadura que o jornal já acompanhou.

«O Wikileaks não é algo anedótico. Mudou o panorama de forma radical», afirmou no mesmo debate.

Gilles Tremlet, do britânico The Guardian - outros dos jornais que recebeu os documentos -, recorda que os cinco estão dependentes «de muito pouca gente», numa referência à equipa da Wikileaks.

«Eles fornecem os dados e isso implica que têm algum poder sobre nós», comentou.

Muitas questões se levantaram no debate, cujo impacto só progressivamente se irá sentindo: mudarão este tipo de filtrações, em que não se conhecem as fontes, a forma como se faz jornalismo? Continuarão os jornais tradicionais a ter o mesmo relevo na recolha e disseminação de informação? Quem passarão a ser as fontes, como se contactam e como se verificam?

Estas e outras perguntas devem continuar a marcar o debate em 2011, quando ainda falta revelar a maioria dos 250 mil telegramas da diplomacia norte-americana.

Lusa/SOL

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