quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A cidadania digital passa diretamente pela disseminação das lan houses (que, além de tudo, é mercado de trabalho) e por mais laboratórios de internet nas escolas.

A cidadania digital passa diretamente pela disseminação das lan houses
07/01/2011


Tenho ouvido boas notícias sobre inovação e tecnologia vindas do governo que acaba de assumir. A própria presidenta (ela prefere ser chamada assim) Dilma Rousseff falou que quer espalhar tablets e computadores em todos os lugares do país e a preços mais acessíveis. Facilitar o caminho do acesso e da aquisição é uma boa maneira transformar pela viés da educação com acesso qualificado à informação. Mas existem dois aspectos dessa história de que gosto muito: o lúdico, que é intrínseco ao processo de inclusão digital, e a explosão das lan houses pelo Brasil afora.
Sem acesso aos equipamentos e à banda larga  – ou mesmo a conexões mais lentas e tradicionais -, obviamente que nem chegamos ao lúdico. Mas as lan houses já são uma realidade no país (fala-se em mais de 180 mil). Aos poucos elas vão tomando o lugar da televisão. Se não definitivamente, com certeza beliscam uma fatia de atenção importante.
Brasil afora
Em Barreirinhas, no Maranhão, cidade que é a base para ir ao maravilhoso Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, é fácil encontrar estudantes em torno de um computador conectado à internet via rádio, dentro de uma lan house. E sabe aquela agonia que a gente tem quando uma pagina web leva mais do que 2 segundos para baixar? Pois é, não vi isso lá. As crianças esperavam com alegria, sem pressa, minutos e minutos, até que a página da rede social Orkut carregasse. Certas reações são mesmo fruto de referências. Nós já viramos uns agoniados.
A experiência digital é cheia de riquezas e novidades que nos fazem aprender todo dia de um jeito diferente. O mais radical foi logo no início do processo, quando nos deslumbramos com o caminho hipertextual da informação: a liberdade do clique.
Acostumados a ler – e a aprender -  na linearidade que nos levava da página 1 para a 2, 3, 4 e assim sucessivamente. E assim  nos víamos diante do clique na página 1 e depois na 30 e depois para a 10 e a seguir… até para outro tema. Pronto: fim do linear.
E o iPad?
Ainda assim tudo continuou a fazer sentido. Ou melhor, ampliou-se a compreensão!  No rastro de onde se iniciou essa revolução aparece todo dia um jeito diferente de exibir a informação na internet. E ficamos também mais e mais resilientes. Aprendemos facilmente ajudados por componentes infantis e sensoriais: ícones, toques nas telas e games. Ou não é isso que explica o quanto o iPad foi o objeto de desejo no Natal das crianças em 2010?
Mas há ainda um longo caminho a percorrer. Muito antes da popularização dos tablets, apostaria no incentivo às lan houses (que, além de tudo, é mercado de trabalho) e por mais laboratórios de internet nas escolas.
Essa é sim a via que, se espalhada, pode fazer  (simultaneamente a tantas outras medidas também necessárias) com que nos tornemos melhores cidadãos.
Não interessa se a banda é larga, estreita ou por rádio, se a interface é o celular, o tablet ou o computador. Se a cidade é Barreirinhas ou Rio de Janeiro. O importante é que a experiência lúdica do aprendizado pela web é transformadora. Aprender e conviver brincando sempre foi atraente. Com um adicional: nas redes sociais você também aprende com a experiência do outro e desenvolve senso de colaboração.

Comentários:

Pacodoc
As lan-houses são uma contingência e não uma solução. Defender a expansão das lan-houses é como defender a expansão das bicas d'água comunitárias e os carros pipa em vez de exigir água corrente em todas as casas. Se uma boa política de disseminação da Internet for realizada, as lan-houses terão o mesmo destino dos orelhões de esquina, suplantados pelos celulares pré-pagos.

Julio Nogueira
A Presidenta assumiu o compromisso de apoiar as lan houses...esperemos que de fato este apoio oficial se faça...

A impressão que tenho é que o governo quer tornar inviável a existência das lanhouses - terra de ninguém - incentivando os telecentros. Que são ambientes controlados, porém gratuitos.

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