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Mussolini Venceu?!
[ Apesar de derrotado e morto, na II Guerra, suas ideias regem o mundo global => controle do poder verdadeiro por corporações (manipulando, financeira e intelectualmente, juízes, parlamentares e presidentes
(lobistas redigem e pressionam por leis e decisões executivas e judiciais) ]
“Golpe Corporativo“ [filme]
(...) Aqui no país temos um líder muito parecido com Donald Trump em suas táticas de poder. Principalmente no uso das redes sociais para a desinformação e na vulgaridade do discurso (palavra usada no próprio filme). Os dois foram eleitos sob as desculpas de serem o “menos pior” ou “mal necessário” – em que a alternativa seria um proto comunismo que ninguém da direita até hoje conseguiu fundamentar sem se valer de fake news. Na prática, as propostas dos democratas não se encaixavam nos anseios da população em 2016 – e talvez não se encaixem agora em 2020, quando o Agente Laranja tentará a reeleição. “Golpe Corporativo“, então, nos conclama a olhar para dois grandes pilares da sociedade capitalista. O primeiro é o mercado financeiro. Após traçar comparações entre as falas de Trump e as ideias do fascista Benito Mussolini (ele podemos rotular de fascista, creio eu), fica claro que a burguesia não se preocupa com a guinada à extrema direita contanto que o gráfico de lucros siga em alta.
Curioso que, sob o manto do patriotismo, os Estados Unidos vê seu povo trabalhador cada vez pior. Voltando aos pólos industriais destruídos, muito da responsabilidade pode ser creditada à criação da Nafta (área de livre comércio entre o país, Canadá e México), que migrou grande parte da cadeia produtiva para as nações vizinhas – acordo gestado e assinado pelo democrata Bill Clinton. Em nosso texto sobre “A Nova Era do Petróleo” (2018), também exibido na Mostra Ecofalante trouxemos o quanto Barack Obama foi fundamental para o lobby das indústrias de petróleo, revogando leis que protegiam a indústria norte-americana há quarenta anos.
O outro ponto que “Golpe Corporativo” toca é na atuação da imprensa. E aqui temos a grande instituição capaz de chancelar ou evitar a tragédia neofascista que estamos contemplando no horizonte. Comprar o discurso de #GloboLixo por ser o meme da vez não contribui se não entendermos que, parte da engrenagem de poder que manterá Trump, Bolsonaro e seus discípulos no poder por décadas, não tenha na destruição de uma mídia livre uma parte importante. Apoiar a produção de conteúdo independente é primordial, mas olhar atentamente as movimentações das empresas gigantes do ramo também o é. Por enquanto, o discurso econômico ainda é comprado, alinhando a mídia hegemônica ao mercado financeiro e, mesmo que indiretamente, às políticas de Estado. Resta saber até quando.(...)
"Mussolini era um paradigma para Hitler e Salazar"
O historiador Fernando Rosas vai lançar na próxima semana a investigação Salazar e os Fascismos, na qual enquadra ideologicamente o anterior regime em definitivo. Há surpresas...
Bolsonaro compartilha vídeo que cita bordão de Mussolini no Twitter
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) compartilhou no domingo (31) um bordão popularizado na Itália por Benito Mussolini e fez com que o ditador fascista chegasse à lista de assuntos mais comentados do Twitter
"Melhor viver um dia como leão que cem anos como cordeiro", publicou Bolsonaro. Durante o período em que o movimento fascista teve mais força na Itália, entre as décadas de 1920 e 1940, um dos bordões entoados por Mussolini e seus seguidores era o que foi compartilhado por Bolsonaro - no original, "meglio vivere un giorno da leone che cento anni da pecora".
(...)
Em 2016, o presidente norte-americano, Donald Trump, retuitou a mesma frase que Bolsonaro, e por isso foi alvo de críticas.
Publicada em 13h48min, 01/06/2020
Um alerta contra o fascismo nos dias de hoje
Livro oportuno de Madeleine Albright mostra as semelhanças do movimento autoritário de cem anos atrás com o populismo de hoje e mostra preocupação com Trump
(...) A obra tem dois objetivos claros. O primeiro é esmiuçar as características do movimento autoritário surgido no início do século 20 que forjou Benito Mussolini, na Itália, e Adolf Hitler, com sua versão alemã, o nazismo. O segundo é demarcar as diferenças, que são claras, do fascismo em relação a outros movimentos políticos antidemocráticos recentes, como o populismo.
Albright diz que só assim é possível conscientizar as pessoas para impedir que as condições políticas, econômicas e sociais que levaram à ascensão do fascismo se repitam. Essa possibilidade, segundo a autora, é real – daí o alerta que dá título à obra. De forma incisiva, ela adverte que o atual presidente americano Donald Trump tem sua parcela de culpa por essa nova ameaça.(...)
Albright adverte que é um erro definir o fascismo como uma versão avançada do populismo. Embora os dois movimentos guardem semelhanças, a autora destaca diferenças fundamentais. O fascismo, por exemplo, surge sempre como um movimento de massas, que exige o apoio de praticamente todos os setores de uma sociedade, ricos e pobres, a um líder carismático e autoritário que fará de tudo para conquistar o poder e passar a ideia de que jamais erra. O movimento fascista busca sua energia em homens e mulheres que estão contrariados por terem perdido uma guerra, o emprego ou a sensação de que seu país está em declínio profundo. Quanto mais profundo o ressentimento, mais fácil para um líder fascista ganhar seguidores.
Uma vez no poder, o líder fascista vai eliminar a democracia, perseguir opositores e usar a violência para impor sua vontade. O papel do povo é atender suas ordens e a do líder, governar sem contestação. Albright lembra que, ao começar a ganhar seguidores, Mussolini jamais se preocupou em elaborar um manifesto fascista, “o que nos leva a pensar que o fascismo talvez deva ser visto mais como um ato de conquistar e controlar o poder do que uma ideologia política”.
A Itália dos anos 20, por exemplo, tinha fascistas de esquerda (que pregavam a ditadura dos despossuídos), da direita (que defendiam um Estado corporativista autoritário) e de centro (que queriam a volta da monarquia absolutista). O partido nazista alemão também tinha uma ampla lista de demandas que atendia antissemitas, anti-imigrantes, anticapitalistas e até os que pediam aumento aos aposentados.
Já o populismo é um movimento essencialmente reformista, que opera sempre dentro do contexto democrático e com apoio de apenas uma parcela da sociedade. O populismo de esquerda coloca no centro de sua agenda o antagonismo entre o povo e uma elite. Já o populismo de direita prega o enfrentamento do povo contra uma elite que afaga ou protege um grupo, que pode ser o composto por imigrantes, negros ou outras minorias – a quem são atribuídas as mazelas do país.
“Nessa concepção, um líder fascista certamente será um tirano, mas um tirano populista não necessita ser um fascista para governar”, escreve Albright, destacando o uso recorrente da violência e da intimidação do líder fascista para manter o poder como outra diferença fundamental. Ela usa como exemplo o governo de Hugo Chávez na Venezuela, clássico exemplo de líder populista. (...)
Fatores em comum
Além de explicitar as diferenças entre fascismo e populismo, o livro ganha fôlego ao abordar as semelhanças entre eles. Segundo Albright, as condições políticas, econômicas e sociais que levaram ao surgimento do fascismo cem anos atrás se reproduzem nos tempos atuais, marcados pela ascensão populista — o que, se por um lado causa preocupação, por outro leva muita gente a confundir os dois movimentos.
O mundo dos anos 1920 vivia um período de crise econômica, desemprego em alta causado pelo avanço da Revolução Industrial e vulnerabilidade social pós-Primeira Guerra, o que facilitou a ascensão de líderes políticos radicais, como Mussolini e Hitler. “Invenções como a da eletricidade, o telefone, os trens e barcos a vapor estavam encurtando distâncias e trazendo novas oportunidades da mesma forma que tirou o emprego de milhões de fazendeiros e artesãos. As pessoas estavam em movimento, já que famílias migravam para cidades”, escreveu.
A comparação com os efeitos causados hoje pelo avanço da era digital, da globalização da economia e do aumento de fluxos migratórios é automática. Albright lembra que mais de um terço da força de trabalho do mundo não tem emprego em período integral. Na Europa, o desemprego entre jovens é de 25%, com nível ainda maior entre os imigrantes. Nos EUA, um em cada seis jovens está fora da escola e do mercado de trabalho. Os salários, em termos reais, estão estagnados desde os anos 70.
Para a autora, “em muitos países, o clima é reminiscente daquele que, há cem anos, deu origem ao nazismo e fascismo”.(...)
Durante a campanha presidencial, Trump traçou um cenário terrível de desesperança social e econômica no país. Mas, enfatiza a autora, entre 2009 e 2016, a inflação permaneceu baixa, a taxa de desemprego caiu pela metade e a força de trabalho nos EUA aumentou para 12 milhões de vagas. “Se não há razões para estarmos satisfeitos com a economia, tampouco há para cair na crença de que o autoritarismo é, de alguma forma, a opção mais prática”, escreveu.(...)
Segundo ela, o papel de liderança global exercido pelos Estados Unidos desde o fim da Segundo Guerra foi fundamental para evitar a retomada fascista. Essa política, com erros e acertos, visava sempre a manutenção dos valores democráticos, que Trump demonstra desprezar. Sua decisão de retirar os EUA do cenário global, segundo Albright, representa uma grande ameaça. Ela lembra que a última vez que isso ocorreu, nos anos 20 e 30, foi justamente quando fascismo emergiu.
“Líderes ao redor do mundo observam, aprendem e copiam de outros líderes. Eles caminham sobre as pegadas dos outros, como Hitler fez com Mussolini – e hoje o rebanho está andando em direção ao fascismo.”
Albright também aponta o vazio atual do centro político em vários países (incluindo nos EUA) como outro fator preocupante para o futuro da democracia mundial, pois favorece a ascensão de líderes radicais que desprezam a democracia.
Com Trump, o risco é maior. “Se esse círculo de déspotas não tivesse surgido, a influência desalentadora de Trump seria provavelmente temporária e administrável, um mal menor cujo corpo saudável poderia facilmente se recuperar. Mas com a ordem internacional baseada na lei lutando contra uma infinidade de doenças, a tendência é de o sistema imunológico se enfraquecer. Esse é o perigo que estamos confrontando”, vaticinou.
O corporativismo é uma ideologia política que defende a organização da sociedade por grupos corporativos, como associações agrícolas, trabalhistas, militares, científicas ou associações de guilda, com base em seus interesses comuns.[1][2] O termo é derivado do latim corpus, ou "corpo humano". A hipótese de que a sociedade atingirá um pico de funcionamento harmonioso quando cada uma de suas divisões desempenhar eficientemente sua função designada, como os órgãos de um corpo que contribuem individualmente com sua saúde e funcionalidade gerais, está no centro da teoria corporativista.
As ideias corporativistas foram expressas desde as sociedades grega e romana antigas, com integração no ensino social católico e nos partidos políticos democráticos cristãos. Elas foram emparelhadas por vários advogados e implementadas em várias sociedades com uma ampla variedade de sistemas políticos, incluindo autoritarismo, absolutismo, fascismo, liberalismo e socialismo.[3]
O corporativismo também pode se referir ao tripartismo econômico que envolve negociações entre grupos de interesses trabalhistas e comerciais e o governo para estabelecer políticas econômicas.[4] Às vezes, isso também é chamado de neocorporativismo ou corporativismo social-democrata.[5]
Índice
1 Corporativismo de parentesco
2 Corporativismo na Igreja Católica Romana
3 Política e economia política
3.1 Corporativismo comunitário
3.2 Corporativismo absolutista
3.3 Corporativismo progressivo
3.4 Solidarismo corporativo
3.5 Corporativismo liberal
3.6 Corporativismo fascista
3.7 Neocorporativismo
3.8 Corporativismo chinês
3.9 Corporativismo russo
4 Ver também
5 Referências
6 Bibliografia
7 Leitura adicional
7.1 Sobre o corporativismo italiano
7.2 Sobre o corporativismo fascista e suas ramificações
7.3 Sobre o neocorporativismo
8 Ligações externas
O corporativismo nas ditaduras da época do Fascismo
RESUMO
Este artigo analisa o papel do corporativismo como um instrumento político contra a democracia liberal e especialmente como um conjunto de instituições autoritárias que se expandiram na Europa e foram um agente de hibridização das instituições das Ditaduras da Era do Fascismo. Pretende demonstrar que o corporativismo esteve na vanguarda deste processo de difusão, quer como representação de interesses organizados quer como alternativa de representação política autoritária à democracia liberal.
Palavras-chave: fascismo, ditaduras, corporativismo, parlamentos
Introdução
O corporativismo imprimiu uma marca indelével nas primeiras décadas do século XX, tanto como um conjunto de instituições criadas pela integração forçada de interesses organizados (principalmente sindicatos independentes) no estado, quanto como um tipo "orgânico-estatista" de representação política alternativa à democracia liberal.1 As variantes do corporativismo inspiraram os partidos conservadores, os radicais de direita e os fascistas, sem mencionar a Igreja Católica Romana e as opções de "terceira via" de segmentos das elites tecnocráticas. Também inspiraram ditaduras – desde o Estado Novo português, de Antônio de Oliveira Salazar, até a Itália, de Benito Mussolini, e a Áustria, de Engelbert Dollfuss, passando direto para os novos estados bálticos, onde criaram instituições para legitimar seus regimes. Variantes europeias se espalharam pela América Latina e a Ásia, especialmente no Brasil de Getúlio Vargas e na Turquia.2
Quando olhamos para as ditaduras do século XX, percebemos algum grau de variação institucional. Partidos, governos, parlamentos, assembleias corporativas, juntas e todo um conjunto de "estruturas paralelas e auxiliares de dominação, mobilização e controle" se tornaram símbolos da (muitas vezes tensa) diversidade característica dos regimes autoritários.3 Essas instituições autoritárias, criadas no laboratório político da Europa do Entre Guerras, expandiram-se por todo o mundo, após o fim da Segunda Guerra Mundial: principalmente a personalização da liderança, o partido único e os legislativos "orgânico-estatistas".
Alguns contemporâneos do fascismo já tinham percebido que algumas das instituições criadas pelas ditaduras do Entre Guerras poderiam ser duráveis. Como percebeu um observador comprometido do início do século XX, o acadêmico romeno e politicamente autoritário Mihail Manoilescu, "de todas as criações políticas e sociais do nosso século – o qual para o historiador começou em 1918 – há duas que têm enriquecido de forma definitiva o patrimônio da humanidade (...) o corporativismo e o partido único".4 Manoilescu dedicou um estudo para cada uma dessas instituições políticas, sem saber, em 1936, que alguns aspectos destas seriam de longa duração e que o corporativismo se tornaria um dos instrumentos políticos mais duráveis das ditaduras.5
As ditaduras do Entre Guerras eram regimes autoritários personalistas.6 Mesmo os regimes que foram institucionalizados por golpes militares ou as ditaduras militares deram origem a regimes personalistas e tentaram criar partidos únicos ou dominantes. A personalização da liderança dentro dos regimes ditatoriais tornou-se uma característica dominante da era fascista.7
No entanto, os autocratas precisavam das instituições e das elites para exercerem seu poder e seu papel tem sido muitas vezes subestimado, uma vez que foi dado como certo que o poder de tomada de decisão estava centralizado nos ditadores.8
Para evitar o enfraquecimento de sua legitimidade e a usurpação de sua autoridade, os ditadores precisavam cooptar as elites e criar ou adaptar as instituições para serem o lócus da cooptação, da negociação e (às vezes) da tomada de decisões: "sem as instituições eles não podem fazer concessões políticas".9 Por outro lado, como Amos Perlmutter observou, nenhum regime autoritário pode sobreviver politicamente sem o apoio fundamental de setores das elites modernas, tais como os burocratas, os gestores, os tecnocratas e os militares.10
Se os regimes fascistas típicos da Itália e Alemanha foram baseados na tomada de poder por um partido, muitos governantes civis e militares da Europa do Entre Guerras não tiveram uma "organização já feita na qual confiar".11 Para contrabalançar sua posição precária, os ditadores tenderam a criar partidos que sustentassem o regime. Alguns movimentos fascistas emergiram durante o período do Entre Guerras, quer como rivais ou como parceiros instáveis dentro do único – ou dominante – partido de governo, quer muitas vezes, como inibidores de sua formação, tornando a institucionalização dos regimes mais difícil para os candidatos a ditadores.
Os ditadores do Entre Guerras também estabeleceram parlamentos controlados, assembleias corporativas ou outros órgãos consultivos burocráticos e autoritários. As instituições políticas das ditaduras, mesmo aqueles legislativos que alguns autores descreveram como "nominalmente democráticos", não eram apenas uma fachada: eles foram capazes de afetar a formulação de políticas.12
Os autocratas também precisavam da complacência e da cooperação e, em alguns casos, a fim de "organizar compromissos políticos, os ditadores também precisaram de instituições nominalmente democráticas", que pudessem servir como fóruns nos quais as facções, e até mesmo o regime e sua oposição, pudessem forjar acordos.13 "Instituições nominalmente democráticas podem ajudar os governantes autoritários a manter coalizões e a sobreviver no poder",14 e "parlamentos corporativos" são instituições legitimadoras das ditaduras e também são, algumas vezes, o lócus desse processo.
Neste artigo, vamos examinar o papel do corporativismo como um dispositivo político que agiu contra a democracia liberal e que permeou a direita política durante a primeira onda de democratização, especialmente, no que diz respeito ao conjunto de instituições autoritárias que se espalharam por toda a Europa do Entre Guerras, tendo sido um agente de hibridação das instituições da era das ditaduras fascistas. Processos poderosos de transferências institucionais marcaram as ditaduras do Entre Guerras e o objetivo desse artigo é demonstrar que o corporativismo esteve na vanguarda desse processo de difusão transnacional, tanto como uma nova forma de representação de interesses organizados, quanto como alternativa autoritária à democracia parlamentar.15
(...)