terça-feira, 30 de outubro de 2018

Para Que Serve a História? - Na Economia: Evoluções Exponenciais. Na Política: Experiências Para Tentar Reconstruir "Idades_Douradas"

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Lições de história do maior best-seller da atualidade
Há anos nas listas de livros mais vendidos em todo o mundo, ‘Sapiens’ explica por que é fundamental questionar mitos e fazer perguntas difíceis

Renato Prelorentzou

02 Março 2018 | 11h09
Trechos  (para realces e cores acrescentados ao original, sem mudanças de textos, cujo conteúdo tem muitas outras pérolas de analises do livro) de:

Os sapiens nasceram na África Oriental há uns 200 mil anos e viveram muitos milênios quietos no seu canto. Não faziam nada particularmente sofisticado, nem tinham qualquer vantagem sobre as outras espécies de humanos (sim, 100 mil anos atrás existiam pelo menos seis espécies do gênero Homo, ou seja, de humanos).

Mas, há cerca de 70 mil anos, os sapiens começaram a fazer coisas notáveis:* inventaram arcos, flechas, barcos, lâmpadas a óleo e agulhas para costurar roupas quentes. Criaram religiões, mercados, moedas e estratificações sociais. Tomaram continentes inteiros. Exterminaram incontáveis espécies. Construíram impérios.

Tudo isso só aconteceu por causa da Revolução Cognitiva: os sapiens desenvolveram uma linguagem capaz de falar de coisas que não estavam presentes ou nem mesmo existiam. Hoje se sabe que muitos animais têm linguagens para descrever a realidade ao seu redor (o que lhes serve para alertar sobre presas e predadores, por exemplo). Mas o que os sapiens adquiram foi a capacidade de conceber um mundo imaginado em cima dessa realidade objetiva. O segredo dos _sapiens_ foi a ficção.

Com sua capacidade de contar histórias, os sapiens inventaram lendas, mitos, deuses e religiões – e logo depois valores, leis, nações, dinheiros, empresas, progresso. Assim, puderam se unir em grupos cada vez maiores de indivíduos que acreditavam nas mesmas coisas e, por isso, cooperavam entre si. As histórias que imaginavam coletivamente não eram mentiras, mas sim uma “cola mítica”, um universo de coisas abstratas que lhes permitiram dominar e transformar as coisas concretas.

(...)

Essas “ordens imaginadas”, diz Harari, têm raízes tão profundas no mundo concreto e definem tanto do que somos, pensamos e desejamos que podem nos convencer de que são mais que “mitos compartilhados”.

Trata-se de uma “lei férrea da história que toda hierarquia imaginada negue suas origens ficcionais e afirme ser natural”, ou mesmo divina, como se refletisse uma “verdade cósmica eterna, e não um processo histórico causal”. Mas o fato é que a “as hierarquias sociopolíticas carecem de base lógica ou biológica – elas não passam da perpetuação de eventos ocasionais sustentados por mitos”.

É bem óbvio, mas parece cada vez mais necessário repetir: homens, brancos, ricos ou europeus não são naturalmente superiores a mulheres, negros, pobres ou índios. Não existem diferenças naturais entre os diversos grupos de sapiens. O que existem são processos históricos que produzem e reproduzem relações de poder.

Esse é um bom motivo para se estudar história. 

“Quanto melhor se conhece determinado período histórico, mais difícil explicar por que as coisas aconteceram de um jeito, e não de outro”, diz Harari. 

“Aqueles que têm um conhecimento apenas superficial tendem a se concentrar apenas na possibilidade que realmente ocorreu. Fornecem um relato exato para explicar, em retrospectiva, por que determinado resultado era inevitável”

Quem desconhece a história acaba se aferrando a esse determinismo – que pode ser bem confortável.

Mas “aqueles que têm um conhecimento mais profundo são muito mais conscientes das estradas não percorridas”, sabem que o estudo do passado nos aproxima da compreensão do que aconteceu e também do que poderia ter acontecido. “Estudamos história para ampliar nossos horizontes, entender que nossa situação presente não é natural nem inevitável e que, consequentemente, existem mais possibilidades diante de nós do que imaginamos”.

A ficção, a extraordinária ferramenta cognoscitiva que nos possibilitou cooperar e evoluir, foi utilizada também para justificar todo tipo de segregação e destruição do mundo e dos outros, em nome de um deus, de um país, de uma ideia, do progresso. Com uma clareza propícia a tempos como os nossos, Harari ensina que pensar historicamente é desmistificar essas ordens imaginadas e fazer as perguntas difíceis, desconfortáveis.

(..)

Além do artigo acima - para mais detalhes, com o próprio Harari - veja o vídeo TED:

Yuval Noah Harari: O que explica a ascensão dos humanos?  TED Talk

https://www.ted.com/talks/yuval_noah_harari_what_explains_the_rise_of_humans/transcript?6&language=pt-br

Resumo - A Ascensão do Fascismo e do Nazismo


Copiado (para realces e cores acrescentados ao original, sem mudanças de textos, cujo conteúdo tem muitas outras pérolas de analises do livro) de:

O período do entre guerras (1919-1939) foi a época do descrédito e da crise da sociedade liberal. Essa sociedade, agora desacreditada, havia sido forjada no século XIX, com a afirmação do capitalismo como sistema econômico "perfeito". Na segunda metade deste século, o mundo absorvia os progressos da segunda fase da Revolução Industrial cujo auge se situa entre 1870 e 1914. 

O imperialismo e colonialismo europeu deram aos principais países desse continente a hegemonia do mundo e, por isso, uma ótica de encarar o futuro de forma entusiástica e otimista.

Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), pólos de poder acabaram (Alemanha, Inglaterra, França, Rússia, etc.). Na América, os Estados Unidos, com sua economia intacta, se tornaram os "banqueiros do mundo". Na Ásia, após a Revolução Meiji (1868), o Japão se industrializara se tornou imperialista e aproveitou o conflito mundial para estender seu poderio na região.



Na descrença dessa sociedade pós-guerra, os valores liberais (liberdade individual), política, religiosa, econômica, etc. começaram a ser colocados sob suspeita por causa da impotência dos governos para fazer frente a crise econômica capitalistas que empobrecia cada vez mais exatamente o setor social que mais defendia os valores liberais: a classe média.

Concomitantemente, as várias crises provocaram o recrudescimento dos conflitos sociais e, o mundo assiste imediatamente após a guerra, uma série de movimentos de esquerda e um fortalecimento dos sindicatos. O movimento operário já havia se cindido entre socialistas ou social-democratas (marxistas que haviam abandonado a tema de luta armada e aderiram à prática político-partidária do liberalismo) e comunistas (formados por frações que se destacaram do movimento operário seguindo os métodos bolchevistas vitoriosos na Rússia (1917). Esse dois grupos eram antagônicos.

Toda a euforia e otimismo foi substituído por um pessimismo que beirava o descontrole após a guerra. Esse pessimismo era sentido entre os intelectuais de classe média, e se manifestou principalmente no antiparlamentarismo, no irracionalismo, no nacionalismo agressivo e na proposta de soluções violentas e ditatoriais para solucionar os problemas oriundos da crise.

Os países mais afetados pela política social-democrata foram a Alemanha (derrotada), a Itália (mesmo vitoriosa, insatisfeita com os resultados da guerra) onde, a crise se manifestou de forma mais violenta. Nesses países o liberalismo não conseguira se enraizar. 

Ambos possuíam problemas nacionais latentes, por isso, a formação de grupos de extrema-direita, compostos por ex-militares, profissionais liberais, estudantes, desempregados, ex-combatentes, etc., elementos que pertenciam a uma classe média que se desqualificava socialmente e eram mais sensíveis aos temas antiliberais, nacionalistas, racistas, etc.

Na Itália, Mussolini e na Alemanha, Hitler formavam organizações paramilitares que utilizavam a violência para dissolver comícios e manifestações operárias e socialistas, com a conivência das autoridades, que viam no apoio discreto ao fascismo um meio de esmagar o "perigo vermelho", representado por organizações de extrema-esquerda, mesmo as moderadas como os socialistas.

De início, esses grupos que eram mais ou menos marginalizados se valiam de tentativas golpistas para a tomada do poder como foi o caso do "putsh" de Munique, dado pelo Partido Nazista na Alemanha.

À medida que a crise se aprofundava e o Estado não a debelava assim como se mostrava incapaz de sufocar as agitações operárias, essas organizações fascistas e nazistas viam aumentar seus quadros de filiação partidária. 

Os detentores do capital passaram a financiar essas organizações de direita, vendo na ascensão delas um meio de esmagar as reivindicações da esquerda e a possibilidade de ser posta em prática uma política imperialista no sentido de abertura de novos mercados. 

Por essa atitude dos capitalistas entende-se porque tanto Mussolini quanto Hitler chegaram ao poder por vias legais.


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